Bens de Família – O legado dos pais na vida dos filhos

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Algumas datas comemorativas são para mim momentos de reflexão. E o dia dos pais não é diferente! A figura de um pai na vida dos filhos é algo marcante através das gerações.

De minha memória infantil, surge a figura paterna exercida por meu avô. Era um homem rigoroso, temido e respeitado. Ao mesmo tempo amoroso e brincalhão, principalmente comigo e meu irmão, os únicos netos que naquela época conviviam cotidianamente com ele.

A casa de meus avós era pequena, mas nela cabiam os 08 filhos solteiros – os outros 05 já eram casados -, e mais todo mundo que chegava para passar uns dias, um mês, um ano.

Entrar no quarto do vovô, só com sua permissão! Os adultos da casa criaram em nós crianças, uma imagem que não correspondia ao seu jeito conosco. Íamos com ele ao sítio no seu jipinho verde e era pura alegria! Ele era um “paivô,” mesmo tendo partido quando eu contava apenas com 12 anos. Deixou um lindo legado em minha vida.

E meu pai? Carinhoso, amoroso, sereno. Sempre tinha um conselho a nos dar. Em sua singeleza e simplicidade de homem criado no interior, nos dava lições de vida com frases simples, mas que revelavam sabedoria. Mas duas coisas se destacaram e se fixaram em minha vida para sempre.

Quando reclamava de alguma coisa ele dizia: – Nunca reclame pelo que está vivendo. Olhe para traz e sempre encontrará alguém em piores condições que você.

Sempre nos estimulou a aprender a fazer as coisas. Ele dizia que o aprender era a forma de saber ensinar. Dizia assim: – Você só poderá exigir do outro, aquilo que você sabe fazer, senão não terá parâmetros para exigir o que não sabe ensinar.

E hoje comprovo este ensinamento que ele me deu, a toda hora.

Conversei com minha filha, hoje mãe de meus netos, e lhe perguntei que lembranças ela tem da presença do pai dela em sua infância.

Ela me disse que tem infinitas lembranças dele, sempre presente, desde o amanhecer ao acordá-la para ir para a escola com a pergunta diária:- Café com leite rebentinha ou rebentão? Era uma brincadeira para oferecer café com leite morno ou quente.

Aos domingos no clube, ele nadava na piscina com tobogã conosco, nos dando seu colo até que tivéssemos  segurança para descer sozinhos.

A casinha de boneca que ele mesmo construiu era linda, e onde passávamos as tardes brincando, depois que terminávamos os deveres de casa.

Nos finais de semana, nosso quintal ficava cheio de amiguinhos da escola e da vizinhança, e lá estava ele, jogando vôlei, queimada e basquete com a meninada.

Na adolescência ele fazia churrasco para a  a turma e era o mais animado, fazia questão de participar de nossas conversas e brincadeiras naturalmente.

Nas viagens de férias, levava pelo menos mais um amigo conosco. íamos num Fiat 147 ele, a mamãe, e quatro ou cinco crianças no banco de traz com a matula da viagem! Bons e velhos tempos! Hoje damos risadas ao recordar desta época.

Quanta gratidão por este pai dedicado e presente em nossas vidas, sempre aconselhando sobre a paciência e a calma, para saber esperar cada coisa à sua hora.

Perguntei a esta filha, como o exemplo do pai influencia o seu papel de mãe de seus dois bebês, atualmente.

“Meu pai sempre foi uma pessoa calma, paciente, dedicada e firme, mas muito amoroso. Tento atuar desta mesma forma com meus filhos, transmitindo a segurança e o amor ao mesmo tempo que educo. Este foi sim um grande exemplo para mim! Hoje, as tomadas de decisões que faço na vida, têm relação com o que meu pai me orientou. Totalmente! Sempre recorro aos seus conselhos e ainda hoje, depois de adulta ouço muito sua opinião sobre várias decisões que quero tomar, pois sua opinião é um grande norte em minha vida. Sua sabedoria e experiência me fazem refletir em muitos momentos.”

Ela aproveitou para deixar aqui um recadinho no dia dos pais:

“Querido pai, sempre tivemos o melhor exemplo de você, como pai. Sua paciência, tolerância e amor estiveram presentes em nosso lar por toda nossa infância! Obrigada por nos oferecer sempre o melhor e por se dedicar à nossa família com tanto amor!”

De todo o dito e recordado aqui, evidencia-se que, para estas duas gerações, a presença constante dos pais foi fundamental. Dando amor, conselhos, chamando a atenção quando necessário, nos orientando em vivências simples do dia a dia.

Papais do presente, não percam esta grande oportunidade de conviver com seus filhos. A infância representa menos que 10% de toda a trajetória física da vida de uma pessoa. Porém, quanto mais intensa seja esta convivência, mais chances teremos de ter crianças felizes.

A melhor maneira de tornar as crianças boas é torna-las felizes! Já disse alguém, algum dia. Não é tão difícil!!!!!

Por Siuse Camargos – esposa e mãe. Avó da Isabela e do Pedro. Foi educadora infantil por mais de 10 anos. Hoje  exerce com alegria a função de avó e nas horas vagas, é também profissional na área de decoração.